Então a situação está assim: literalmente um peso enorme em meus pescoço-ombros. É tanto cansaço que não sei como me aguento. A voz falhou novamente e até achei que demorou pra acontecer: todo ano eu perco a coitada de tanto usar em sala de aula.
Fiz massagem,
remédio por conta própria para passar a dor e nada. É tensão, é tensão...
Treinei em
dia de chuva (aliás, foi um treino ótimo) a minha voz minguou mais ainda e o médico da
prefeitura onde trabalho resolveu me indicar antibióticos, nada de descanso em
casa. Até parece, né? Porque o mês de agosto tem que ser bem especial, daquele jeito que só este mês consegue ser!
Só que antibióticos
são ótimos para matar bactérias e acabar com
a minha capacidade respiratória!
Os 21km em
que eu estava inscrita da Track Field de Campinas foi tão pesada que, na minha
memória, eu acho até que ficou meio
engraçada, aquele monte de subida sem fim e eu nem me aguentando em pé, como se
eu estivesse naqueles desenhos do pateta praticando esportes. Porque não foi só
a semana de antibióticos não, teve relaxante muscular também pra aguentar a dor de torcicolo!
Mas eu tinha
que buscar a minha medalha lá: questão
de honra!
Pra piorar,
eu estava usando uma blusa M que era gigante, que me deixou "fortinha”, como ouvi um comentário
de um cara durante a corrida- aliás, como tem conversa em corrida um pouco mais para trás. E aí vai uma reclamação: as camisetas
deveriam seguir um padrão: a M da
maratona de São Paulo parece uma baby
look. A gente fica meio confusa deste jeito!
Depois na
terça-feira resolvi enfrentar um
ortopedista. E este ortopedista foi um anjo: me mandou descansar e tomar um monte
de remédio que me dá sono. E também me perguntou como é que eu estava
conseguindo dar aulas sem voz e com tanta dor!
Juro: Fiquei
com vontade de chorar por achar alguém bom neste mundo! Eu precisava! Me senti
até abraçada na hora!
Então
aproveitei os dias que ele me deu pra fazer um descarrego natural. Eu tinha que
achar uma cachoeira. E achei: lá em Ubatuba, no Prumirim. Cachoeira deserta,
porque todo mundo estava trabalhando.
E com
cachoeiras não tem conversa: entra ou
sai. Eu entrei. E aquela porrada de água
gelada em meus ombros ficarão em meus registros mentais como um momento de paz
para momentos de tensão! Só minha filhinha de cinco anos estava comigo. E ela
ria muito dos meus gritos, estilo
montanha russa. E dos tombos também.
Mas aí ela deixou cair o meu celular na cachoeira. Fiquei
tão irritada que ajeitei tudo pra ir embora, enquanto ela chorava, tadinha,
dizendo: "Foi acidente, mamãe!"
E me vi
sendo sendo uma bruxa molhada e
descabelada. Voltei pra cachoeira e fiz o descarrego de novo. E depois ficamos
eu e minha filha lá, na paz, só ouvindo, abraçadinhas, o barulho da cachoeira.
A natureza era só nossa!
A natureza era só nossa!
A volta pra
casa foi difícil no dia seguinte : os remédios me deram muito sono, já falei,
né?
E Ubatuba é
longe pra caramba de Sumaré!
E eu todo este tempo off-line, sem celular. E,
o estranho, parece que o stress deu uma trégua. Efeito da vida real, puríssima!
Nem sei como
será esta maratona, só sei que o que
tenho passado no preparo dela tem sido, no mínimo, um aprendizado e tanto. Virei
uma lerda, mas uma lerda rodando 31km. E
estou totalmente quebrada, se este é o objetivo no preparo de uma maratona,
missão cumprida!
Daqui 20 dias
será a maratona. Hoje o meu treino era de 30km, mas fiz 27. Quer dizer, parte
dos 27: o relaxante muscular de hoje era tão bom, mas tão bom que depois de 2h:20min
correndo eu estava era morrendo de sono. Aí o resto, é só imaginar como foi.
Cheguei em
casa, peguei uma almofada e deitei no chão. Dormi uma hora naquele tapete que nem macio é, mas que a gente nem
nota nestas horas.
Agora eu só
quero uma coisa: limpeza de corpo e da alma nestes dias. E que o dia da
Maratona seja o meu batismo neste mundo doido dos solitários nas grandes
distâncias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário