segunda-feira, 13 de julho de 2020

2020 não tem maratona e está tudo bem!!

Que ano este!! Não tem nenhuma maratona pra mim, nem para quase todos os corredores do mundo, praticamente todas adiadas ou canceladas: a SPCity que eu iria correr seria em julho, mudou pra outubro e agora, 2021. E eu só pensei: “Ainda bem, que alívio!”

Daria pra treinar tranquilamente, pois com as aulas suspensas estou tendo mais tempo pra isto; além disto, correr sozinha (como é o recomendado ) nunca foi problema para mim. O que eu não estava sabendo lidar era como seria correr numa aglomeração e com que máscara, afinal eu não teria coragem de correr sem máscaras nesta situação. E daria para aguentar correr 42km com máscara? Como seria a hidratação e as trocas de máscaras? E será que eu teria coragem de ficar num hotel na véspera da maratona,  em época de pandemia?  Eu teria que sair de casa às 3 da madruga se eu fosse de carro?

Com os adiamentos, as perguntas acabaram e sobrou apenas a sensação de liberdade em correr por correr, sem metas definidas.

Machuquei a panturrilha? Tudo bem, posso diminuir a distância, não tenho nenhuma prova este ano mesmo.

Tô correndo devagar? Tudo bem, não vou participar de nenhuma prova que poderia dar vontade de correr mais rápido.

Quero correr depressa? Tudo bem, faço isto o dia que eu quiser, num dia bom. Não tenho metas mesmo.

Porque 2020 está uma tragédia, um momento de peste viral e da peste da ignorância! Mas a corrida? Ela está bem, livre, leve, solta, em lugares isolados e bonitos.

Descobri que Sumaré é bonito. Descobri que a área em que moro é bonita! Uma  baita descoberta, acabou o complexo de vira-lata que eu sentia de outras cidades, especialmente as litorâneas.

Descobri que não gosto de correr de máscara, mas gosto de usar máscara no dia-a-dia. Me sinto segura com ela, ela faz com que eu não me importe com maquiagem e, sei lá, tô me sentindo como uma cidadã japonesa, circunspecta , misteriosa. Olho para o espelho e ando me achando uma ninja, dá até vontade de dar uns golpes de karatê!

Sinto por não estar viajando, sinto mais ainda por meus alunos não estarem na escola. Sinto toda a dor da morte que a Covid causa, inaceitável! Sinto que este governo  é pior que a minha imaginação poderia suportar!  Mas da corrida não sinto falta, porque ela não me abandona, é a minha amiga mais constante e fiel, é a minha fuga da realidade, é minha conselheira, minha droga e até, talvez, um tipo de religião.

Não sinto a falta das provas de corrida, talvez apenas das viagens que me levavam até elas.

Pensei até em fazer uma versão virtual de maratona, há tantas por aí como opção, só pra ter a desculpa de correr 42km nas estradas de terra daqui, mas aí pensei melhor: 30km está bom, não preciso de medalha pra provar que corri.

Provavelmente não terei coragem de entrar num avião ou ônibus até o fim de toda esta pandemia, então já não olho com tanto pesar por ter que correr o ano que vem tão perto de casa, comparado às outras maratonas. Um dia espero voltar a viajar distante e com a meta da maior lembrança  desta viagem ser uma corrida! Enquanto isto não acontece, me consolo nos braços da Senhora Corrida Amadora, que é uma abençoada santa!

Pois é o que temos para 2020!

2020: Correr com Girassóis

2020: Correr em voltas de represas

2020: Correr no Loteamento ao lado de casa

2020: Correr na Roça

2020: Correr em Fazendas
2020: Correr com o amorzão

sexta-feira, 27 de março de 2020

Coronavírus e a SP City Marathon: Eu não deveria ter me inscrito pra esta maratona!


Uma coisa que aprendi este ano é: se a maratona não for muito concorrida, segura a onda e deixe para se inscrever depois.

Eu estou arrependidíssima de ter me inscrito na São Paulo City! E isto foi antes do Coronavírus , que só reforçou o meu arrependimento!

Deveria ter esperado mais, então eu veria a “Maratona das Gerais”, lugar que nunca corri na vida -Belo Horizonte- prova que será em Agosto e eu teria mais tempo para treinar. 

Desconfio não ser uma prova tão bonita, mas seria algo diferente. Mas o fogo no rabo aqui foi grande e pá: fiz a inscrição na SPCity! 

A única parte que não corri no percurso da SPCity nas minhas milhares de meias lá em São Paulo foi o da 23 de maio. Então só isto será novidade. Me inscrevi numa maratona só pra conhecer uma avenida...

Tentei cancelar, passei email pra organização, que, em outras palavras, respondeu assim: “ Se queria desistir, só dava pra fazer isto na primeira semana. Se vira!”

Então pensei: “Vou fazer esta prova sub 4 horas então, já que conheço o percurso: 3h e 59min está bom”

Fui à nutricionista -esta parte foi ótima, eu estava precisando muito! Pedi planilha pro Cido, fiz os tir..., ops, ritmados na pista, ou seja, o corpo estava ok e os treinos também! 
“Nossa, este  planejamento  para sub 4 horas vai superar a chatice da SPCity”, eu inocentemente, pensava.

Aí veio o Coronavírus ( e eu não posso nem OUVIR falar em sopa de morcego!) e com o Coronavírus, a sábia quarentena! Até aí, tudo bem. Tem que ficar em casa mesmo. Mas, e os treinos?

Infelizmente não tenho esteira pra correr. Nem espaço em casa. Mas tenho uma coisa: uma cidade chata, feia, mas cheia de estrada rural! E se tem algo que nunca me importei foi em correr solitariamente, na verdade,  adoro isto!

E a minha é preocupação só com os tarados  e bandidos de plantão. Mas eu tenho  roteiros ensaiados pra isto:

Roteiro 1:
“Eu correndo sozinha no meio na estrada rural. Cara de moto ou carro -cara a pé vai ser difícil me alcançar:
- Perdeu, mulher!
- Perdi nada, meus amigos ciclistas estão bem atrás de mim.
(Sempre tem ciclistas nas estradas rurais daqui)
Cara da moto/Carro vai embora.”
Fim

Roteiro 2:
“Eu correndo sozinha no meio da estrada rural. Cara de moto/carro novamente:
-Perdeu, mulher!
-Não toque em mim, eu tenho coronavírus e sou assintomática! Não toque em mim, eu tô avisando!
-Me passa o relógio chique então.
-Meu relógio tá todo cheio de suor. Não acho boa ideia.
O cara da moto/carro vai embora.
Fim”

Roteiro 3:
“Eu correndo sozinha na estrada rural. Pessoas de carro e moto passam por mim, mas tem medo de se contaminar. Os ciclistas se afastam 5 metros . Vejo outro corredor, aceno à distância.
Termino o treino.
Fim”

Mas o problema maior mesmo de treinar na quarentena do coronavírus são três:  

1-      Os pedaços de asfalto que preciso correr para chegar na área rural:  pelo que minha amiga falou, os vírus podem subir no asfalto com o movimento dos carros ou posso pisar em cima deles pra casa e leva-los comigo. Não são apenas vírus, estamos lidando com vários clubes mundiais de Chuck Norris!

2-      Se antes tínhamos os “fiscais de cu”, que vigiavam os homossexuais, agora temos os  “fiscais de treino na rua”.Eu peguei ranço destas pessoas! Geralmente são pessoas que moram em grandes capitais ou cidades praianas, que não possuem mais lugar pra treinar, pois praias e parques foram proibidos e ficam patrulhando quem tem matos solitários pra correr na quarentena! 
Desconfio que neste  grupo também estejam pessoas que só correm em grupo ( o famoso praticante da corrida “Society”) e  que não vê sentido em corrida solitária,  os que têm esteira em casa e gostam dela, desconfio também que neste grupo há  pessoas que não gostam de correr tanto assim e estão curtindo esta quarentena sem pressão.
Olha, ficar sem correr é uma verdadeira tortura pra quem é viciado, eu acho que pode virar até caso psiquiátrico a abstinência, eu não tenho forças pra isto e não há fortalecimento que supere o vazio dentro do peito do corredor!
Cheguei até a ver posts assim: “Não curta fotos de quem está correndo fora de casa na quarentena”, ou, o pior de todos: “Veja quem está furando a quarentena pelo GARMIM e Relive.”
Gente, cada um cuidando da sua vida, né? 

3-      Como fazer super longos (acima de 28km) nestas condições virais e de proibições de uma quarentena? E quem tem queda de imunidade nestes treinos, como eu geralmente tenho, faz ou não faz? Vale a pena tudo isto?

É claro que não vale. Então o que eu queria é que a SP City transferisse a data da maratona para agosto, que ainda está frio. Ou deixasse a opção de cancelamento. Porque estou sem cabeça, sem motivação e , principalmente, muito medo de treinar para uma maratona.


O CoronaVírus será a maior e verdadeira maratona que qualquer um de nós precisaremos vencer em 2020!