sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Enfim, a MARATONA DE FLORIPA

Antes de tudo: Florianópolis é uma cidade linda! Devo achar toda cidade que vou passear/correr bonita por causa da feíura da minha (a região toda, não posso esquecer de mencionar) então eu sempre faço aos deuses um pedido: que eu continue tendo condições de ir nestes lugares, pelo menos no próprio país a gente merece viajar, né não?

Do último longão até o dia da maratona passou-se cem anos, mas a semana da maratona passou em três segundos! O polimento foi ótimo, muita vida boa, treinos curtos, sem muitas preocupações com ritmo e tal. Uma delícia!

Desta vez não fui sozinha pra Floripa: Como é bom correr com companhia de amigas, até o treinador estava lá. Fiquei me sentindo corredora de elite, olha o nível da arrogância só porque o treinador estava junto!

É "Nois"

A viagem foi boa: quase fiquei surda na descida do avião em Floripa e trouxe todas as balinhas de goma possíveis pra minha filha, que ficou em casa com o papai (maridão dá a ela um fim de semana inesquecível toda vez que viajo sem eles)

Agora vamos aos detalhes:

Véspera:

Não passeei muito já que demoramos a chegar no sábado, então do aeroporto só pegamos o kit e fomos para o hotel ( nosso treinador como motorista, chique!). A janta foi o que eu estava acostumada: arroz, feijão, carne, ovo e salada. Sem nenhuma invenção. E, finalmente, uma maratona sem insônia, graças ao forte tratamento que fiz com valeriana na semana anterior, que me fez ficar bem na paz. Não foi um sono pesado, acordei 3 vezes durante a noite, mas dormi mesmo, de verdade. Só de lembrar me emociono!

A Maratona:

Como estava num hotel conveniado com a maratona (bem na avenida beira-mar, com a sorte de não estar com o quarto de frente ao mar, ou seja, sem o barulho do trânsito) o café da manhã foi servido às 4h e 30. Comi muita banana, ovo e café, como sempre faço nos super longos, sem experimentações. A largada era às 6h:10 e foi muito tranquilo: carreguei Advil no bolso (e a chave do quarto também, que acabou sendo muito bom!) tomei um buscopam ( estou com um cisto que me causa cólicas) e, desta vez, nem teve aquele sinal estrondoso da largada, o pessoal saiu meio no susto e no silêncio: até parece que iriam acordar os ricaços que moram naquela avenida chique...

Largada no escuro: Amei!

Problemas à vista:

O meu Garmim: como eu queria toda a minha maratona registrada pelo Garmim! No mínimo, queria visualizar km a km a manutenção do ritmo que havia estabelecido até o Km 30 (pace de 5:15 até 5:30 no máximo). Mas o wifi estava ligado, não tinha sinal (deveria ter percebido que isto poderia acontecer, afinal no treino de Itanhaém isto também aconteceu) e o relógio ficava desligando o tempo todo pra economizar bateria. O Garmim "saiu do ar" 5 vezes antes dos 10km e lá se foi o controle de ritmo que eu queria ter. Ele voltou a funcionar no Km 18, mas eu fiquei com tanta raiva que desliguei de uma vez e corri na raça mesmo, como sempre foi. Não iria deixar que a tecnologia estragasse minha prova!
Mas é claro que não seria só o Garmim o problema: no Km 22 tive aquela dor "de lado", como tive em Porto Alegre, aquela que me fez quebrar. E junto dela, uma cólica! Mas desta vez eu pensei comigo: " O caralho que isto vai me fazer quebrar! Não vou quebrar nunca mais, me arrasto, mas não quebro!" e parecia que eu ouvia o conselho do treinador Cido falando "Quando sentir esta dor, se não for de lesão, diminua o ritmo até a dor ir embora, mas não pare". E foi o que fiz. Diminuiu, não parei. A dor lateral foi sumindo e eu sabia que o percurso da maratona passava em frente do hotel em que eu estava antes do Km 28. Quando passei, subi correndo para o quarto pelas escadas (primeiro andar, ainda bem) tomei mais um Buscopan, fui ao banheiro e voltei pra prova. (Neste momento, a voz que eu ouvia era a do meu marido: faça o que você faria se fosse um treino. Fiz exatamente o que faria se fosse um treino!)
Voltei pro percurso. A dor passou no km 32. Mas a maratona agora que estava começando...

Km 32 até o Fim:

Aqui entra todo o desconforto de sempre e arrependimentos. Pensamentos como : " Vai ser a última maratona, já deu o que tinha que dar", vinham e iam. Mas, ao contrário das outras vezes, também veio um sentimento novo, do tipo: " Você já correu tudo isto, pense bem até onde você chegou e esta nem é a primeira vez!" E as placas dos kms chegavam mais facilmente. O tempo passou mais rápido que das outras duas maratonas. Foi bastante divertido dois maratonistas ao meu lado e a gente no esquema do "revezamento": quando um corria, outro andava e assim foi até o km 35, no retorno da Uninter. Não era dor muscular, só cansaço extremo, panturrilhas gritando para parar. Agora só faltavam 7km, era o que eu pensava. A turma adorável do revezamento ficou pra trás e eu só queria chegar. Dos 37km aos 42km ninguém ao meu lado falava nada, cada um envolvido na sua própria luta! E então cheguei. O relógio mostrava o tempo 4h e 05. Nunca fiz este tempo, fiquei feliz pra caramba!

Chegada: o melhor momento sempre

Um pequeno adendo:

Tem gente que acha o supremo da humilhação maratonista andar na prova. Eu acho que andar na prova é até uma boa estratégia. A partir dos 32km, o sistema fartlek funcionou muito bem comigo: mantinha um bom ritmo quando estava correndo e, quando andava era ddurante uns 10-15 segundos, o mais rápido que dava. Deixei pra trás muito gente que insistia no trotinho ininterrupto. É só um comentário que não posso deixar de falar, Não acho vergonha nenhuma andar em maratona nos kms finais, a não ser que a pessoa realmente esteja lá arrasando "no pace", dando conta do recado. De resto, bobeira insistir.

Pós- Prova:

Fiz massagem, fiquei endorfinada e rindo à toa durante um período aproximado de 6 horas! Fiquei totamente eufórica, como se estivesse sob efeito de narcóticos. Fui passear e andar com as amigas (que correram 21km) em Santo Antonio de Lisboa, tive cólica de novo, tomei mais Buscopan, depois tomei vinho, arroz, peixe, pirão, enchi a cara de comida, só não aguentei a sobremesaa e pedi um sorvetinho. Mas à noite as pernas "flamejavam" e é incrível como meias de compreensão pós cirúrgicas acalmam tudo!Passei mal pra caramba do estômago, fígado, nem sei o quê, pensei até que iria morrer em Floripa e cheguei a apagar o que eu tinha escrito no meu perfil do Instagram (Maratona Rio 2019) afinal eu iria morrer mesmo. Mas tinha lisador nas minhas coisas e tudo acabou passando...
(Anotação pra próxima maratona: continuar comendo coisas leves no dia, como  fiz nas outras vezes)

Na manhã seguinte, só eu acordei cedo, peguei um ônibus e fui conhecer a Barra da Lagoa de Floripa. Toda a endorfina do dia seguinte virou depressão e eu chorei me despedindo de Santa Catarina, sério, nesta maratona fiquei me sentindo uma bêbada, cheia de altas montanhas russas emocionais! Até um doce que eu fiquei sonhando comer durante o meu polimento ficou sem gosto, que coisa mais doida foi esta maratona de Floripa!

Epílogo:

Hoje é sexta, faz 5 dias que a maratona aconteceu. Já fiz 2 trotes de meia hora, um na quarta e outro hoje e nada está doendo, só estou tartaruguinha e tudo bem. Já voltei a colocar Rio (se abrir um dia as inscrições, não sei o que está acontecendo desta vez!) e coloquei também Curitiba na conta das maratonas 2019 e é impressionante como todo mundo prefere Curitiba, com sua altimetria pesada e tudo ao Rio, tão lindo e tão recheado de violência!
Ainda continuo achando ruim correr 42km? Claro! Mas me sinto honrada quando paticipo de uma maratona, como se eu pertencesse ao grupo dos "vai doer, mas vale a pena". Quero fechar o ciclo maratona antes dos 50 anos( depois disto, só se rolar Nova York, que é a única maratona que me interessa fora deste meu ciclo nacional e latino).
Enfim, é vida que segue. Bora pa próxima luta!


domingo, 5 de agosto de 2018

Joaquim Egídio : o último super longo 2018

E, ao contrário do outro longo em Ubatuba, este super longo foi  muito favorável e até mesmo agradável: foram só 30km, ou seja, nada do corpo entrar em colapso como acontece quando a distância é acima de 32km.

E o treino foi em Joaquim Egídio, treino que eu precisava fazer depois do vexame que passei da outra vez, no começo do ano, quando mais caminhei que corri. Desta vez, corri no asfalto e fui com a Tereza, que conhece o local como ninguém, já que é a área de treinamento dela.

Tem subidas? Bastante. Mas são subidas em curvas, a gente não sente tanto. E tudo o que sobe, desce.
E lá tem muitas  árvores e muito ar puro também e isto faz muita diferença pra manter um bom astral! E que temperatura! Deve ser mais ou menos assim a temperatura do céu ( se ele existir): entre 18 e 20 graus. E sem sol queimando o cérebro e fazendo a gente pensar bobeiras do tipo "pra que correr longão?" como foi da outra vez.

Tem carros? Bem poucos, apesar que mesmo assim há alguns que dirigem rápido demais nas curvas e dá medo de morrer atropelada. Tem ciclistas? Demais, o que é muito bom, a gente não fica correndo muito tempo sozinha e isto dá certa segurança.

Olha o cenário, que coisa mais bucólica!
As subidas em curvas
O ruim é que não tem muita água pra beber (tem uma bica maravilhosa e tal, mas é insuficiente) temos que carregar a mochila de hidratação que, sinceramente, acho um estorvo! No Km 26 do meu treino, quando tive a oportunidade de passar perto do meu carro, guardei a tal mochila e deu uma sensação de alívio de peso gigantesca!

O treino foi tão bom que consegui até mesmo tomar o gel de carboidrato sem ficar enjoada: primeira vez em anos!

Outra coisa que gostei muito: não ter cachorros na rua que ficam correndo atrás da gente, latindo feito bocós, e olha que tem muitos deles lá, até há casinhas pra cachorro de rua na praça. Achei fofo!

Mas o mais incrível mesmo foi não ter tido insônia na véspera, nem tomei chá de valeriana nos dias anteriores e dormi feito pedra! O meu marido ficou impressionado porque, segundo ele, uma igreja evangélica perto de casa estava fazendo vigília (eles ficam lá, cantando e falando em alto e potente som até umas 3 da manhã, achando que vão converter o bairro, não é possível!)  E meu marido também disse  que um carro ficou com o som ligado um bom pedaço da noite! E eu apagada, possivelmente roncando.

Na verdade eu sei porque não tive insônia: a maratona, de repente, perdeu tanta importância em comparação com alguns exames médicos que andei fazendo e me deixaram preocupada, assunto que não é pertinente falar por  aqui, já que não tem nada a ver com corrida (só o fato de eu ter percebido o problema em treinos: a corrida é tão boa que até nos ajuda na detecção de problemas). Quando todos dizem que a saúde é a coisa mais importante da nossa vida, não é brincadeira, até  uma maratona vira uma corridinha básica e a gente deixa de perder o sono por causa disto (espero que também seja assim em Floripa, mas, por precaução, vou de chá de valeriana novamente)

Agora vem o hora do "polimento" onde a gente preza mais pela qualidade que pela quantidade e, desta vez, vou incluir também um certo polimento na alimentação que talvez possa trazer alguma vantagem, espero, porque vai ser muito chato ficar sem doces e frituras nestes 20 dias.

E pensar que é bem provável que o próximo texto aqui seja narrando como foi a Maratona de Floripa: que seja com final feliz, é tudo o que peço.

Por hoje é só!

Eu e Tereza após o treino

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Crise Maratonística nos 34km de Ubatuba

Sabe quando você está está morrendo de paixão por alguém e, do nada, você consegue enxergar alguns defeitos que não eram visíveis antes? No último domingo, durante meu treino de 34 km em Ubatuba, senti isto pelo minha "crush" atual: a maratona.
A crise não aconteceu porque fiz um treino ruim: consegui manter o pace planejado, dentro das paradas previstas para ver paisagem, que são impossíveis de não serem feitas num lugar como Ubatuba. Achei bica de água, a praia Vermelha do Norte estava mais linda que o normal, a BR 101, mais conhecida como Rio-Santos, estava com um cheiro de mata que me abraçava inteirinha, não tive uma única dor muscular  e o único imprevisto foi alguém ter bebido a água de uma das garrafinhas que deixei no caminho, mas consegui água facilmente depois com uma senhora que estava lavando calçada com torrentes de água na mangueira.

Visão da Praia Vermelha do Norte, do alto. Como não parar pra apreciar?


(Pausa para falar da mulher lavando calçada: Pra quem mora numa cidade com tanta secura e problemas de abastecimento de água como eu, a gentileza da senhora ainda não foi suficiente para apagar em mim aquela imagem de desperdício absurdo que ela estava fazendo)

Voltando ao meu relato: o problema pra mim foi só um, mas um problema fundamental: correr mais que 30km. Que coisa imbecil correr mais que 30km!
A última vez que tive esta crise foi na parte final da minha primeira maratona, em  Foz de Iguaçu, quando eu xingava a mim mesma por ter feito aquele desafio  e xingava também quem inventou  uma corrida de 42km, e este sentimento só passou quando alguém chegou e me animou novamente a voltar a correr. Mas desta vez ninguém apareceu e a solidão afetou meus pensamentos, sem interrupções positivas.
E uma crise parecidíssima voltou neste treino de domingo: fiquei 2 dias sem correr na orla  porque precisava descansar pro super-longo que me esperava (desperdício de paisagem!) Tive que tomar aquele chá horroroso de valeriana para não ter insônia de ansiedade durante três dias e quase pirei  na noite da véspera do super treino quando o hotel ao lado estava fazendo uma festa de casamento, que durou até à meia-noite (mesmo com o som mais baixo, eu conseguia ouvir o "tum-  tum" das músicas o tempo todo) e, na manhã seguinte, la estava eu tendo que procurar uma  padaria porque o café da manhã  do hotel começava depois das 7.
A gente faz sacrifícios imensos não só para correr a distância desejada, mas também para se preparar pra ela. E se no treino eu posso parar 1km antes do estabelecido  (a planilha era de 35km, não de 34km como fiz), o mesmo não pode ser feito durante a prova de maratona, no dia. E eu pensava que correndo mais rápido o desgaste seria menor, que correr um percurso plano seria mais tranquilo, mas não existe paz acima dos 30km, é só trevas!
Quando eu estava entre os Km 28 e 30, e me encontrei com um  pessoal que estava correndo radiantemente nas suas distâncias menores, me senti mais trouxa ainda. Cheguei a decidir que Floripa seria a minha última maratona e pronto.
Mas hoje estou melhor, a raiva passou, só permaneceu aquela sensação de, como falei no último post,que já está na hora de  parar de dar tanto valor pra maratonas assim. Floripa não será a minha última maratona, vou  conseguir trabalhar nas eleições este ano e talvez até consiga fazer uma prova de 42km no exterior com as folgas que vou poder tirar depois (se eu conseguir guardar dinheiro). Tenho ainda alguns desejos de fazer maratona  em algumas cidades, mas não vou colocar isto como meta de vida. Ainda me proponho a fazer uma maratona por ano, até que o meu amor acabe de vez.
E por hoje é só. Tenho mais um longo tipo este pela frente: que o meu "psicológico" fique menos afetado, amém!


Ps: Parece que o aplicativo "Relive" também não estava num dia bom, me dando uma altimetria de montanha e me fazendo correr NO MEIO DO MAR!

domingo, 1 de julho de 2018

Super Longão: Sumaré, Nova Odessa e Americana

Hoje me aventurei em fazer o super-longão mais plano que tenho na região em que moro. Abaixo, a palhaçada que é morar em região de planalto e a comprovação que altimetria baixa por aqui é lenda urbana:

Por que não nasci no litoral?

Agora que já fiz as reclamações inicias, segue o relato de treino: ele foi o melhor que já fiz na minha vida em questões de ritmo e tempo, mas não cumpri a planilha toda, fiz 32km e a planilha mandava 35km, se bem que caminhar os outros 3km não é o fim do mundo, vamos falar a verdade!

Antes a preparação: prevendo a noite mal dormida que sempre tenho na véspera de treinos super-longos, me droguei adequadamente com chá de valeriana nas 3 noites anteriores -não conheço chá mais fedido, e olha que ainda tenho trauma do tal "chá de losna" da infância. O meu marido chegou a pedir pra que eu guardasse as folhas secas no armário das ferramentas, que fica  fora da cozinha, olha o nível do fedor que a gente atura pela corrida! Mas o chá de valeriana é um calmante natural bastante eficiente, dormi bem as três noites e à tarde no sofá também. Foi ótimo!

E pensei, aliás ando pensando isto há um bom tempo: por que dou tanta "moral" assim pras provas de maratona? Nem sou tao boa assim nelas, como as duas provas anteriores podem comprovar. Então fico correndo devagar pra dar conta de correr a distância toda, com medo de quebrar. E fica aquela coisa do medo: "Ah, é a sua prova principal do ano, você não pode falhar". Então resolvi tirar a maratona do pedestal em que ela estava e coloquei-a junto das meias-maratonas, ela tava se achando a tal e tirando meu sono à toa.

Se eu for mal na maratona de Floripa, a viagem já terá valido a pena. E conhecer a cidade correndo é um privilégio que poucos tem, ainda estarei no lucro. Sou uma corredora amadora,  pago pra correr e tô fazendo isto pra sofrer? Que burrice é esta?

Então decidi que iria fazer este treino de hoje como se estivesse fazendo um treino de 20km, com o máximo de empenho que eu pudesse ter, sem o medo de " olha este pace, você vai quebrar." Quebrou? Ando depois, é só um treino, pelo amor de Zeus!

E quebrei só no 32km! E nem sei se foi uma quebra mesmo, porque a única coisa que aconteceria se eu tivesse insistido até os 35km era um pace mais lento, visto que a panturrilha começou a ficar com a musculatura "dura" (detesto esta sensação!).

Desliguei o Garmim e andei. Logo a frente, passou um trem  e tirei a foto abaixo. Aliás, este percurso costumo chamar de "o da linha do trem" pois a maior parte dele é ao redor da ferrovia.

Eu felizona pelo tempo que o relógio marcava: pela primeira vez sub 3 horas depois dos 30km!

É claro que este tempo não reflete a realidade porque não tenho nenhum tipo de apoio de água e suprimentos durante os meus treinos:  tenho que parar várias vezes pra beber água ou até mesmo comprar algo pra suplementar. Acho isto bastante ruim, porque a gente perde o "pique", mas não parar (ou correr com a tal mochila de hidratação), pra mim, seria pior. Sou uma corredora solitária, esta é a verdade: só não acho isto tão ruim quanto possa parecer...

Pra não esquecer 1: meu suplementos hoje foram castanhas, coca zero ligth  (por causa do sódio) mexerica (que funciona bem pra quebrar o efeito "boca seca" que tenho ) e água. O gel de carboidratos sempre volta pra geladeira no final do treino!

Para não esquecer 2: Preciso parar de beber tanta água e suco quando o treino acaba. Vou acabar passando mal!

Bem, este é o relatório meu, pra mim mesma (e pra quem quiser ler ) de hoje. Segue a vida!

domingo, 24 de junho de 2018

A arte de correr na terra. Quando tem e se não chover

Entre os super longos (que considero os acima de 30km, ou talvez melhor seria chamar de "daqui pra frente dói") e o"descanso"( treinos de 10km a 15km, geralmente no domingo anterior aos super longos) localiza-se o melhor dos treinos: simplesmente os longões, treinos de 21km a 28km, que são os meus preferidos. E nestes dias felizes, sempre quando é possível, encaixo um treino na terra, nem que seja parcialmente. 

Toda vez que vejo vídeos da elite africana correndo dá pra perceber que eles curtem muito este tipo de treino, o que tem bastante lógica: treinar na terra descansa as solas dos pés e qualquer tênis presta. O treino em estrada de terra cansa horrores, especialmente porque não são estradas niveladas e sempre encontramos bancos de areia no percurso, mas após o treino é como se nem tivéssemos corrido. Correr em estrada de terra é como treinar nas nuvens, esta é a verdade. Mas é claro que a realidade por aqui não é a mesma da elite africana (especialmente a velocidade, é óbvio) e vou enumerar porque um treino deste tipo é tão difícil acontecer:

1-  As cidades da minha região são mais urbanas que rurais: Por mais que eu tente, o asfalto sempre domina a maioria das estradas, consequência da modernidade e de um mundo voltado para a utilização de carros. Cada vez que estabeleço um percurso de terra é inevitável uns 5 km  de asfalto até a área rural. Chato isso.

2- As estradas de terra nem sempre tem água: quando corremos no asfalto, sempre temos postos de gasolina ou outros lugares para beber água. Em estrada de terra isto não acontece, salvo lugares com minas de águas, tão raras que parecem um sonho! Então preciso levar a tal mochila de hidratação, que detesto:  mesmo a gente se acostumando com ela depois de um tempo, no final, sinto sempre que meus ombros ficam travados.  Quando a gente precisa, a gente usa, mas é muito melhor sem. E nem sempre dá pra colocar garrafinhas escondidas no mato no dia anterior, especialmente quando o lugar que iremos correr é muito longe de casa.

3- A segurança: coloquei como o terceiro item, mas este é o mais importante, especialmente para quem é mulher. Se sempre há o perigo de assédio e estupro neste país, em qualquer rua, imagine só o que a solidão da estrada de terra possibilita de perigos! Eu mesma precisei uma vez (e nem era longão!) pedir ajuda a uns trabalhadores rurais, pois estava sendo seguida por uma caminhonete muito suspeita!  Então a gente procura companhia para correr nestes lugares, mas não é fácil: nem sempre tem gente querendo correr 25km no dia, às vezes  o ritmo do seu colega é muito diferente do seu e até mesmo as planilhas de treino não batem. Não vou mentir que de vez em quando arrisco ir sozinha, mas em lugares que sei que encontrarei um outro grupo que acaba sendo parceiro nestas horas e atualmente estão em grande número: os ciclistas. 

4-  O problema da chuva: Sei que tem o pessoal do traill (que nunca vou entender neste vida!) que adora escorregar no barro, ficar andando nos rios e tirando galhos do meio de trilhas, mas definitivamente não pertenço a este grupo porque nem andar consigo direito nestas condições.  Então quando chove, já era o treino de terra, a gente recorre ao asfalto mesmo. Eu só fico torcendo que não ocorra chuva em dias que a planilha permite terra ou, pior, dias em que me inscrevi numa corrida com trechos de terra, como aconteceu neste ano: participei de uma corrida rústica em Indaiatuba e odiei ficar lá, me agarrando em fiapos de mato, morrendo de medo de cair! Nunca mais!

Para a maratona de Floripa, tive dois treinos parciais de terra: um de 26km, com meu colega corredor "raiz" Ari  e outro de 25km, torcendo para encontrar ciclistas porque o Ari não pode ir comigo. Encontrei bastante ciclistas e agora até estou achando aquela área rural bastante movimentada, estou perdendo um pouco do medo e não sei se isto é bom. Escondi água num trecho ( tô ficando craque nisto) e cheguei em casa  marrom de tanta poeira no caminho- mas sem dor nenhuma, só cansaço, O corpo fica cheio de pó, mas a alma  fica cheia de natureza, de liberdade e da pureza que estes treinos representam. Planejo este tipo de treino não só pra maratona, mas pra vida inteira.  Assim espero.
Igaratá (SP) sem barro

Salto (SP) sem barro e com sombras de árvores


O horror de correr no barro (Indaiatuba)
Meu colega de treino na terra, Ari (perto de casa, Sumaré)


terça-feira, 5 de junho de 2018

Segundo Super Longo pra Floripa: Itanhaém

A greve

A gente tem sonhos tão simples na vida como fazer um super longão no litoral, a gente planeja, guarda dinheiro, faz acertos e tal, mas o destino estava de novo cheio de pegadinhas no caminho, no caso, caminhões em greve, a única greve que consegue parar o Brasil, porque, ao contrário do que dizem, a maior paixão do brasileiro não é o futebol, mas o carro na garagem.
E assim como todos os carros, o meu estava sem gasolina para viajar para Itanhaém.  Mesmo apoiando a greve, com  planos de comprar bicicleta até, foi chegando a data da viagem e fui ficando tensa.
Meu paciente marido pediu pra eu desistir. Muitos disseram o mesmo. Impossível ir pra Itanhaém de bicicleta e depois correr mais 35km!  Mandei um email desistindo, mandei chorando, agora posso confessar, podem me chamar de infantil, mas quando trata-se de viagem (e com corrida!) eu perco a racionalidade quando frustrada.
Mas o sol voltou, ou melhor, os caminhões voltaram a trabalhar  e pude colocar gasolina no carro. Mandei outro email retomando a reserva e lá fomos nós.

Por que Itanhaém?

Itanhaém tem uma areia diferenciada, especialmente onde costumo ficar, no bairro Suarão. É uma areia dura e a última vez que treinei lá ( 2 horas e meia correndo) com chuva, vento e frio na cara, foi fantástico, a praia era só minha, a sensação sempre é de ter alugado o litoral da cidade e o prefeito de lá  dissesse: " Desculpe moradores e turistas, mas a praia é só da Josi, não ousem atrapalhar o treino dela"  
Fala a verdade, até milionários, donos de ilhas , não tem este privilégio...

Praia do Saurão, com sol. Meu marido e minha filha soltado pipa.

E realmente foi assim desta vez também, pra tristeza de meu marido e da minha filha que ficaram presos no hotel: chuva, vento e frio. E ainda com a vantagem de ser junho, sem aquela necessidade de madrugar pra correr porque não tem aquele sol horroroso fervendo nosso cérebro.
No dia anterior fomos  esconder os copos de águas e a coca-cola pequenininha, minha fonte de sódio. Meu marido foi junto, vai que precisasse me buscar, só assim ele saberia qual era o trecho que eu faria. Deu 34km na nossa conta.

O longão:

Não dormi direito, como sempre. Sábado à noite sempre tem um som de fundo, distante, mas tenho total consciência que não era o barulho que me atrapalhava, mas sim a minha cabeça ansiosa de sempre. (Anotação para o próximo longão: comprar chá de valeriana)
Na manhã seguinte, o dia perfeito para ficar sozinha na praia, o tempo super fechado de sempre.
Mas...
Lá vem o mas...
O mar de Itanhaém estava bravo, lindo, escuro e ocupava quase toda a areia e me empurrava para correr na parte "fofa" da areia.
Foi triste, minhas pernas ficaram bambas, foram quase 5km assim. Resolvi voltar no trecho de asfalto e minhas pernas estavam  muito pesadas. Apertei o botão do meu relógio pra descansar um pouco e ferrou tudo: ele parou de marcar e lá se foi a meta de ver o lindo mapa do trajeto que eu teria no fim de tudo!
Não tinha dado 10km ainda e eu pensando: "Bem, só (SÓ!!) faltam 25km, não vou parar por causa do relógio e vir pra Itanhaém não foi fácil, eu vou me arrastando até o final, se necessário"
Enfim, as pernas se acostumaram com o asfalto e melhoraram e quando faltava pouco pra chegar em Mongaguá, notei a areia dos sonhos de volta. Corri até o pier pela areia e voltei, totalizando uns 5km muito agradáveis!
Tinha dado 21km ainda, pelas minhas contas dos copos de água. Bora terminar na marginal da rodovia!
Tinha água no Upa, parei lá pra ir ao banheiro e tive noção de como estava molhada! Quilômetros depois, a minha boca começou a ter o efeito de secura  (detesto) e comprei uma mexerica no mercado. Resolveu. (Anotação para o próximo longão: deixar uma laranja descascada junto com as águas escondidas)
E não parou de chover.
Três pessoas me chamaram de guerreira no caminho. Eu estava tão cansada que me emocionei  de verdade com o incentivo!
Quando eu estava aproximadamente no km31, comecei a enxergar subida onde não tinha. Quando chegou no final, eu sabia que ainda faltava 1km, mas decidi ficar só nos 34km mesmo: estava me sentindo um sachê de chá usado e esquecido na xícara!
Na hora de tomar banho o único local que eu não tinha passado vaselina (na alça do Top) ardeu feito brasa!
Mas eu tinha terminado o meu longão: iria beber cerveja com o meu marido depois, eu merecia e ele também por sempre me apoiar.
E a sensação de ter vencido mais um desafio voltou. Porque melhor que correr a maratona sempre será treinar para ela.

Euzinha, depois do longão e da cerveja


Prólogo: Tenho mais dois longões neste mês de junho: um de 25km, num  percurso difícil e, por isto, talvez eu poste aqui. E mais um de 35km, que, com certeza, é capítulo certo por aqui!









terça-feira, 8 de maio de 2018

O Primeiro Super Longo Para a Maratona de Floripa


Na verdade, este primeiro super longo para Floripa seria o segundo, mas sou meio azarada e nunca acontece as coisas como planejo de início. Parece Carma, nem sei.

O primeiro super longo era para ter sido mês passado. Eu já tinha feito 4 “meias” num período de praticamente dois meses, fiquei meio empolgada e tal, na verdade estou inscrita em mais 3 este ano, mas este blog é sobre maratona, não as metades que faço por aí, então vou voltar ao meu primeiro super longo que não aconteceu.

Poxa, meu marido estava de férias, reservei  até uma pousada na Praia da Cocanha em Caraguatatuba e iria fazer os 30km por lá, indo e voltando naquela orla da praia de Massaguaçu, praia que acho lindíssima de olhar. É  coisa antiga esta minha admiração por aquele  lugar, é cada arrebentação forte que parece música,  é aquela sensação de estar no meio do oceano que não sei explicar. É um pedaço de beleza impressionante! E  durante o longo eu iria também entrar nos bairros  pra pegar umas estradas de terra, olhe só que percurso fantástico iria ser!

Imagine só a foto linda que eu teria no Instagram, com a quilometragem  conferida pelo Garmim (sim, agora fiquei moderna!)
Olha que sonho esta orla, "Jesuis" do céu!
Mas  fiquei com Sinisute Bacteriana e o antibiótico recomendado estragou  meus músculos, coisa horrorosa, eles pareciam vidros! Não consegui correr nem 5 km sem ter a sensação do tendão de Aquiles quebrado ou a panturrilha arrebentada ao meio!

Não vou negar que durante as caminhadas que fiz naquela orla chorei de frustração, caminhadas que fiz mancando porque é claro que  tentei correr e recebi o castigo por ter tentado.

Era o Carma espetando o dedo no meu nariz.

Então o segundo longo programado que virou o primeiro  aconteceu anteontem: 32km, de cara! Sem nem passar pelos 28km antes, só os 25km já meio que rotineiro. Meio.

O pau iria comer e eu não iria dormir na véspera, como é comum quando fico ansiosa!

Ainda escolhi um percurso  difícil (não que não existam piores nesta  região que moro) , mas prefiro a resistência acima de tudo. Um longo sem pressão de ritmo, mas nada de me arrastar também porque não sou nenhuma lesma. E no modo lesma parece que dói ainda mais!

Escondi 3 garrafinhas de água no dia anterior, porque havia um longo trecho sem postos de gasolinas. Fiz fiosioterapia no meu pé três dias antes porque ele estava muito esquisito (joguei a culpa no tênis, o mesmo que corri a maratona de Foz. Ele foi pro lixo)

E, depois de 3 horas de sono na noite anterior,  deu tudo certo, no tempo que programei. A única coisa não programada  foi parar na padaria pra tomar um Coca-Cola  minúscula. Porque adoro tomar coca no meio da corrida, especialmente nos super longões, me julguem! E eu paro o tempo do Garmim nesta hora também.

Até achei um trecho com canavial para descansar as solas do pé naquele mundaréu de asfalto!

Desta vez, quando cheguei , eu não estava no meu limite de corrida ainda. Ainda daria pra correr mais uns 3km,  sem reclamar. Talvez tenha sido a resolução de comer carboidratos saudáveis na semana e pouco açúcar que ajudou. Talvez  foi a gordura retirada na abdominoplastia que me deixou mais leve . E apesar de ter sentido o endurecimento das panturrilhas quando acabei o longo,  hoje consegui até correr bem 10km. Sem dores.

Vai fazer um ano que corri a  minha última maratona, parece que foi em outra vida. E estou com medo de dizer, mas fiquei muito feliz neste longo . Porque o principal objetivo desta maratona de Floripa é curtir os 42km, sem o sofrimento extremo de sempre.

Será que isto irá acontecer? Aguardemos os próximos  capítulos.