sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Enfim, a MARATONA DE FLORIPA

Antes de tudo: Florianópolis é uma cidade linda! Devo achar toda cidade que vou passear/correr bonita por causa da feíura da minha (a região toda, não posso esquecer de mencionar) então eu sempre faço aos deuses um pedido: que eu continue tendo condições de ir nestes lugares, pelo menos no próprio país a gente merece viajar, né não?

Do último longão até o dia da maratona passou-se cem anos, mas a semana da maratona passou em três segundos! O polimento foi ótimo, muita vida boa, treinos curtos, sem muitas preocupações com ritmo e tal. Uma delícia!

Desta vez não fui sozinha pra Floripa: Como é bom correr com companhia de amigas, até o treinador estava lá. Fiquei me sentindo corredora de elite, olha o nível da arrogância só porque o treinador estava junto!

É "Nois"

A viagem foi boa: quase fiquei surda na descida do avião em Floripa e trouxe todas as balinhas de goma possíveis pra minha filha, que ficou em casa com o papai (maridão dá a ela um fim de semana inesquecível toda vez que viajo sem eles)

Agora vamos aos detalhes:

Véspera:

Não passeei muito já que demoramos a chegar no sábado, então do aeroporto só pegamos o kit e fomos para o hotel ( nosso treinador como motorista, chique!). A janta foi o que eu estava acostumada: arroz, feijão, carne, ovo e salada. Sem nenhuma invenção. E, finalmente, uma maratona sem insônia, graças ao forte tratamento que fiz com valeriana na semana anterior, que me fez ficar bem na paz. Não foi um sono pesado, acordei 3 vezes durante a noite, mas dormi mesmo, de verdade. Só de lembrar me emociono!

A Maratona:

Como estava num hotel conveniado com a maratona (bem na avenida beira-mar, com a sorte de não estar com o quarto de frente ao mar, ou seja, sem o barulho do trânsito) o café da manhã foi servido às 4h e 30. Comi muita banana, ovo e café, como sempre faço nos super longos, sem experimentações. A largada era às 6h:10 e foi muito tranquilo: carreguei Advil no bolso (e a chave do quarto também, que acabou sendo muito bom!) tomei um buscopam ( estou com um cisto que me causa cólicas) e, desta vez, nem teve aquele sinal estrondoso da largada, o pessoal saiu meio no susto e no silêncio: até parece que iriam acordar os ricaços que moram naquela avenida chique...

Largada no escuro: Amei!

Problemas à vista:

O meu Garmim: como eu queria toda a minha maratona registrada pelo Garmim! No mínimo, queria visualizar km a km a manutenção do ritmo que havia estabelecido até o Km 30 (pace de 5:15 até 5:30 no máximo). Mas o wifi estava ligado, não tinha sinal (deveria ter percebido que isto poderia acontecer, afinal no treino de Itanhaém isto também aconteceu) e o relógio ficava desligando o tempo todo pra economizar bateria. O Garmim "saiu do ar" 5 vezes antes dos 10km e lá se foi o controle de ritmo que eu queria ter. Ele voltou a funcionar no Km 18, mas eu fiquei com tanta raiva que desliguei de uma vez e corri na raça mesmo, como sempre foi. Não iria deixar que a tecnologia estragasse minha prova!
Mas é claro que não seria só o Garmim o problema: no Km 22 tive aquela dor "de lado", como tive em Porto Alegre, aquela que me fez quebrar. E junto dela, uma cólica! Mas desta vez eu pensei comigo: " O caralho que isto vai me fazer quebrar! Não vou quebrar nunca mais, me arrasto, mas não quebro!" e parecia que eu ouvia o conselho do treinador Cido falando "Quando sentir esta dor, se não for de lesão, diminua o ritmo até a dor ir embora, mas não pare". E foi o que fiz. Diminuiu, não parei. A dor lateral foi sumindo e eu sabia que o percurso da maratona passava em frente do hotel em que eu estava antes do Km 28. Quando passei, subi correndo para o quarto pelas escadas (primeiro andar, ainda bem) tomei mais um Buscopan, fui ao banheiro e voltei pra prova. (Neste momento, a voz que eu ouvia era a do meu marido: faça o que você faria se fosse um treino. Fiz exatamente o que faria se fosse um treino!)
Voltei pro percurso. A dor passou no km 32. Mas a maratona agora que estava começando...

Km 32 até o Fim:

Aqui entra todo o desconforto de sempre e arrependimentos. Pensamentos como : " Vai ser a última maratona, já deu o que tinha que dar", vinham e iam. Mas, ao contrário das outras vezes, também veio um sentimento novo, do tipo: " Você já correu tudo isto, pense bem até onde você chegou e esta nem é a primeira vez!" E as placas dos kms chegavam mais facilmente. O tempo passou mais rápido que das outras duas maratonas. Foi bastante divertido dois maratonistas ao meu lado e a gente no esquema do "revezamento": quando um corria, outro andava e assim foi até o km 35, no retorno da Uninter. Não era dor muscular, só cansaço extremo, panturrilhas gritando para parar. Agora só faltavam 7km, era o que eu pensava. A turma adorável do revezamento ficou pra trás e eu só queria chegar. Dos 37km aos 42km ninguém ao meu lado falava nada, cada um envolvido na sua própria luta! E então cheguei. O relógio mostrava o tempo 4h e 05. Nunca fiz este tempo, fiquei feliz pra caramba!

Chegada: o melhor momento sempre

Um pequeno adendo:

Tem gente que acha o supremo da humilhação maratonista andar na prova. Eu acho que andar na prova é até uma boa estratégia. A partir dos 32km, o sistema fartlek funcionou muito bem comigo: mantinha um bom ritmo quando estava correndo e, quando andava era ddurante uns 10-15 segundos, o mais rápido que dava. Deixei pra trás muito gente que insistia no trotinho ininterrupto. É só um comentário que não posso deixar de falar, Não acho vergonha nenhuma andar em maratona nos kms finais, a não ser que a pessoa realmente esteja lá arrasando "no pace", dando conta do recado. De resto, bobeira insistir.

Pós- Prova:

Fiz massagem, fiquei endorfinada e rindo à toa durante um período aproximado de 6 horas! Fiquei totamente eufórica, como se estivesse sob efeito de narcóticos. Fui passear e andar com as amigas (que correram 21km) em Santo Antonio de Lisboa, tive cólica de novo, tomei mais Buscopan, depois tomei vinho, arroz, peixe, pirão, enchi a cara de comida, só não aguentei a sobremesaa e pedi um sorvetinho. Mas à noite as pernas "flamejavam" e é incrível como meias de compreensão pós cirúrgicas acalmam tudo!Passei mal pra caramba do estômago, fígado, nem sei o quê, pensei até que iria morrer em Floripa e cheguei a apagar o que eu tinha escrito no meu perfil do Instagram (Maratona Rio 2019) afinal eu iria morrer mesmo. Mas tinha lisador nas minhas coisas e tudo acabou passando...
(Anotação pra próxima maratona: continuar comendo coisas leves no dia, como  fiz nas outras vezes)

Na manhã seguinte, só eu acordei cedo, peguei um ônibus e fui conhecer a Barra da Lagoa de Floripa. Toda a endorfina do dia seguinte virou depressão e eu chorei me despedindo de Santa Catarina, sério, nesta maratona fiquei me sentindo uma bêbada, cheia de altas montanhas russas emocionais! Até um doce que eu fiquei sonhando comer durante o meu polimento ficou sem gosto, que coisa mais doida foi esta maratona de Floripa!

Epílogo:

Hoje é sexta, faz 5 dias que a maratona aconteceu. Já fiz 2 trotes de meia hora, um na quarta e outro hoje e nada está doendo, só estou tartaruguinha e tudo bem. Já voltei a colocar Rio (se abrir um dia as inscrições, não sei o que está acontecendo desta vez!) e coloquei também Curitiba na conta das maratonas 2019 e é impressionante como todo mundo prefere Curitiba, com sua altimetria pesada e tudo ao Rio, tão lindo e tão recheado de violência!
Ainda continuo achando ruim correr 42km? Claro! Mas me sinto honrada quando paticipo de uma maratona, como se eu pertencesse ao grupo dos "vai doer, mas vale a pena". Quero fechar o ciclo maratona antes dos 50 anos( depois disto, só se rolar Nova York, que é a única maratona que me interessa fora deste meu ciclo nacional e latino).
Enfim, é vida que segue. Bora pa próxima luta!


domingo, 5 de agosto de 2018

Joaquim Egídio : o último super longo 2018

E, ao contrário do outro longo em Ubatuba, este super longo foi  muito favorável e até mesmo agradável: foram só 30km, ou seja, nada do corpo entrar em colapso como acontece quando a distância é acima de 32km.

E o treino foi em Joaquim Egídio, treino que eu precisava fazer depois do vexame que passei da outra vez, no começo do ano, quando mais caminhei que corri. Desta vez, corri no asfalto e fui com a Tereza, que conhece o local como ninguém, já que é a área de treinamento dela.

Tem subidas? Bastante. Mas são subidas em curvas, a gente não sente tanto. E tudo o que sobe, desce.
E lá tem muitas  árvores e muito ar puro também e isto faz muita diferença pra manter um bom astral! E que temperatura! Deve ser mais ou menos assim a temperatura do céu ( se ele existir): entre 18 e 20 graus. E sem sol queimando o cérebro e fazendo a gente pensar bobeiras do tipo "pra que correr longão?" como foi da outra vez.

Tem carros? Bem poucos, apesar que mesmo assim há alguns que dirigem rápido demais nas curvas e dá medo de morrer atropelada. Tem ciclistas? Demais, o que é muito bom, a gente não fica correndo muito tempo sozinha e isto dá certa segurança.

Olha o cenário, que coisa mais bucólica!
As subidas em curvas
O ruim é que não tem muita água pra beber (tem uma bica maravilhosa e tal, mas é insuficiente) temos que carregar a mochila de hidratação que, sinceramente, acho um estorvo! No Km 26 do meu treino, quando tive a oportunidade de passar perto do meu carro, guardei a tal mochila e deu uma sensação de alívio de peso gigantesca!

O treino foi tão bom que consegui até mesmo tomar o gel de carboidrato sem ficar enjoada: primeira vez em anos!

Outra coisa que gostei muito: não ter cachorros na rua que ficam correndo atrás da gente, latindo feito bocós, e olha que tem muitos deles lá, até há casinhas pra cachorro de rua na praça. Achei fofo!

Mas o mais incrível mesmo foi não ter tido insônia na véspera, nem tomei chá de valeriana nos dias anteriores e dormi feito pedra! O meu marido ficou impressionado porque, segundo ele, uma igreja evangélica perto de casa estava fazendo vigília (eles ficam lá, cantando e falando em alto e potente som até umas 3 da manhã, achando que vão converter o bairro, não é possível!)  E meu marido também disse  que um carro ficou com o som ligado um bom pedaço da noite! E eu apagada, possivelmente roncando.

Na verdade eu sei porque não tive insônia: a maratona, de repente, perdeu tanta importância em comparação com alguns exames médicos que andei fazendo e me deixaram preocupada, assunto que não é pertinente falar por  aqui, já que não tem nada a ver com corrida (só o fato de eu ter percebido o problema em treinos: a corrida é tão boa que até nos ajuda na detecção de problemas). Quando todos dizem que a saúde é a coisa mais importante da nossa vida, não é brincadeira, até  uma maratona vira uma corridinha básica e a gente deixa de perder o sono por causa disto (espero que também seja assim em Floripa, mas, por precaução, vou de chá de valeriana novamente)

Agora vem o hora do "polimento" onde a gente preza mais pela qualidade que pela quantidade e, desta vez, vou incluir também um certo polimento na alimentação que talvez possa trazer alguma vantagem, espero, porque vai ser muito chato ficar sem doces e frituras nestes 20 dias.

E pensar que é bem provável que o próximo texto aqui seja narrando como foi a Maratona de Floripa: que seja com final feliz, é tudo o que peço.

Por hoje é só!

Eu e Tereza após o treino