sábado, 18 de junho de 2016

Capítulo V: A perfeição dos 20km

Não sou especialista, mas desconfio que correr não seja algo da nossa natureza, a gente meio que força para isto acontecer. Só isso explicaria a dificuldade que é voltar aos treinos de longas distâncias após um período de 40 dias correndo apenas 10km - ou menos.

(Obs: Não vou mencionar que esta dificuldade possa ser a canseira dos 41 porque não quero admitir que já tenho esta idade, eu ainda sinto o gosto do pedaço de bolo que comi no meu aniversário de 25! É, tenho memória gustativa de formiga.Se é que elas tem memória) 

Como já disse na introdução da minha jornada "maratonística", tive uma lesão no pé e, além disto, um tratamento longo e cheio de antibióticos para o estômago que atrapalharam minha vida de corredora. Nem que eu quisesse daria  para treinar direito, o corpo não colaborava muito. Quando o pé melhorou e o tratamento terminou, lá fui eu tentar voltar aos 20km rotineiros de domingo. Foi triste.

Em primeiro lugar, tentei o percurso de sempre, perto de casa e no asfalto: além de não conseguir, a sola do meus pés queimavam como se estivesse descalça. Tentei novamente. Não conseguia passar dos 15km.  Comecei a treinar na Lagoa do Taquaral (Campinas) na parte de terra, para evitar a dor da sola dos pés. Tive companhia de meus colegas de treino de Paulínia, foi ótimo, mas o peso das minhas panturrilhas era gigante e isto me deixava insegura (e se elas quebrassem? Tá, sou neurótica com minhas pernas) e o cansaço também era grande. Enfim, consegui correr os 20km apenas após 5 tentativas, ou seja, 5 domingos. Uma eternidade!

Após “firmar” nos 20km, fiz duas meias maratonas: os 24km de SP e a de Campinas, todas no estilo urso Balu, do desenho do Mogli: “Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais.” Depois que fui assaltada à mão armada este ano, mudei muito o meu modo de pensar em relação às corridas. Quero curtir a paisagem e a leveza do corpo, não mais o descompasso do coração.  Está bom assim, só preciso aprender a controlar a vaidade  que me  sacode de vez em quando em busca de tempos melhores. Pra quê, se o prêmio é ótimo e o mesmo para todos no final?

(Obs 2: Que desapegada, não? )

A distância dos 20km é maravilhosa depois que voltamos a ela! Há um trecho dentro do meu percurso rotineiro que é dentro de um condomínio, ainda sem moradores. Quando estou sozinha e não tem ninguém por perto pra me chamar de doida, corro de braços abertos, sentindo  o ar fresco da manhã e a energia do sol que acaba de nascer.  Todos os problemas parecem distantes e descabidos  em momentos assim. É claro que no fim do longão estou bem cansada, mas a sensação de realização pelo treino realizado que sentirei o dia todo motiva o esforço. Então me pergunto: O que deu na minha cabeça pra querer correr uma maratona  já que sei que ela não será tão prazerosa assim, mesmo que eu me prepare bastante?

A emoção do desconhecido talvez seja a resposta. Mas o caminho já vi que é difícil, meus primeiros 28km podem dizer. E, no próximo capítulo, vou deixar eles falarem por si!




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