Como foi lindo em matéria de corrida o ano de 2014: fiz meu
melhor tempo numa meia maratona (e sem muito esforço) e subi
no pódio numa geral pela primeira vez -antes eram apenas prêmios na categoria.
O que teve de
especial que eu deveria levar em consideração para a
minha primeira maratona? Entre alguns
fatores que não vêm ao caso agora, acredito que o meu pouco peso naquele ano contribuiu
bastante.
(Pouco peso, não definição muscular. A barriga chapada vou
deixar para uma outra reencarnação.)
No começo foi
tudo culpa do livro “Prato Sujo” de Marcia Kedouk. Em resumo, o livro fala sobre nosso vício nos
três “branquinhos”: cocaína, farinha refinada e açúcar. Fiquei muito
impressionada com a leitura e quis abolir de vez o problema. Nunca nem vi cocaína (este foi fácil evitar) e
o açúcar já é um caso perdido, nem tentei. Mas a farinha de trigo refinada,
esta valeria a pena tentar tirar do
cardápio. E foi o que fiz.
Pesquisei muito. Meu instagram só tinha
nutricionistas fitness e só serviam as que passassem receitas. Descobri outras
farinhas, a maioria delas caríssimas. Descobri a sucralose e o açúcar de coco.
Meu domingo à tarde era ficar fazendo pão estilo Duncan e Paleo para a semana.
Não soube mais o que era biscoito sem ser os comprados no Mundo Verde e seus
genéricos. Não queria pão normal de
padaria, ficava imaginando ele se transformando em grude (a cola mesmo) no meu
estômago se eu o comesse e isto me dava
certo nojinho.
Emagreci fácil. Comecei a vilanizar o glúten. E
comprei o livro: “Barriga de Trigo” para ter mais “embasamento”. E graças a ele larguei a fase de alimentação fitness de
vez.
Eu estava lendo o tal livro num hotel, era dezembro e estava tentando relaxar após um ano difícil
de trabalho. E o livro só falava de doenças causadas pelo glúten, mesmo pra
quem não era celíaco. Muitas doenças. Doenças sem fim. E eu só pensando: “Nossa, ainda bem que não como mais este veneno. Mas eis que chega no capítulo das
doenças de pele. E o autor teve a infelicidade de escrever sobre um assunto que
conheço bem. A cada linha que eu lia, a indignação aumentava e a raiva
subia até queimar meu cérebro. Me senti humilhada fazendo papel de palhaça.
O infeliz resolveu falar sobre o vitiligo! Como
teve coragem de mentir daquele jeito? Tenho esta doença de pele desde os 9
anos, minhas mãos parecem cobertas por uma luva branca por
causa disto e mesmo com a tal eliminação do glúten, ele continuou aumentando na
minha pele, exatamente o contrário que o
livro afirmava.
Se o autor errou tanto num problema que conheço, o que dizer dos absurdos que provavelmente escreveu
sobre as outras doenças?
Na manhã seguinte, me entupi de pão no café da
manhã, experimentei toda a variedade que havia lá. E comi muita macarronada- com glúten- no almoço.
Lá se foi a minha dieta porque o que motivava
mesmo era o efeito dela na saúde, não na pança.
É claro que engordei um pouco de 2014 até agora e é
claro que foi na barriga, porém garanto que não é barriga de trigo, é barriga
genética mesmo: a barriga parece ser o
único lugar do meu corpo que acumula gordura. Já me aceitei assim. As roupas de 2014 ainda me servem, mas gostaria de estar mais leve para a
maratona de Foz. Não vou mentir que a questão peso pode fazer a diferença. Então neste ano eu queria algo ainda mais
radical para perder quatro quilos até o dia 25 de setembro:
COMER APENAS QUANDO SENTIR FOME. Comida saudável ou comida não tão saudável
assim. Queria exercer o comer sem
ansiedade. Pelo prazer. Pela necessidade do corpo. Sem passar vontades porque a
vida é curta demais pra isto. E esta não seria uma ideia para a maratona apenas,
mas para o resto dos anos.
Viajei agora: Utopia nutricional, a gente vê por
aqui.
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