Que ano
este!! Não tem nenhuma maratona pra mim, nem para quase todos os corredores do
mundo, praticamente todas adiadas ou canceladas: a SPCity que eu iria correr seria
em julho, mudou pra outubro e agora, 2021. E eu só pensei: “Ainda bem, que
alívio!”
Daria pra
treinar tranquilamente, pois com as aulas suspensas estou tendo mais tempo pra
isto; além disto, correr sozinha (como é o recomendado ) nunca foi problema
para mim. O que eu não estava sabendo lidar era como seria correr numa
aglomeração e com que máscara, afinal eu não teria coragem de correr sem
máscaras nesta situação. E daria para aguentar correr 42km com máscara? Como
seria a hidratação e as trocas de máscaras? E será que eu teria coragem de ficar
num hotel na véspera da maratona, em
época de pandemia? Eu teria que sair de
casa às 3 da madruga se eu fosse de carro?
Com os
adiamentos, as perguntas acabaram e sobrou apenas a sensação de liberdade em
correr por correr, sem metas definidas.
Machuquei a
panturrilha? Tudo bem, posso diminuir a distância, não tenho nenhuma prova este
ano mesmo.
Tô correndo
devagar? Tudo bem, não vou participar de nenhuma prova que poderia dar vontade
de correr mais rápido.
Quero
correr depressa? Tudo bem, faço isto o dia que eu quiser, num dia bom. Não
tenho metas mesmo.
Porque 2020
está uma tragédia, um momento de peste viral e da peste da ignorância! Mas a
corrida? Ela está bem, livre, leve, solta, em lugares isolados e bonitos.
Descobri
que Sumaré é bonito. Descobri que a área em que moro é bonita! Uma baita descoberta, acabou o complexo de
vira-lata que eu sentia de outras cidades, especialmente as litorâneas.
Descobri
que não gosto de correr de máscara, mas gosto de usar máscara no dia-a-dia. Me
sinto segura com ela, ela faz com que eu não me importe com maquiagem e,
sei lá, tô me sentindo como uma cidadã japonesa, circunspecta , misteriosa.
Olho para o espelho e ando me achando uma ninja, dá até vontade de dar uns
golpes de karatê!
Sinto por
não estar viajando, sinto mais ainda por meus alunos não estarem na escola.
Sinto toda a dor da morte que a Covid causa, inaceitável! Sinto
que este governo é pior que a minha
imaginação poderia suportar! Mas da
corrida não sinto falta, porque ela não me abandona, é a minha amiga mais constante e fiel, é a
minha fuga da realidade, é minha conselheira, minha droga e até, talvez, um
tipo de religião.
Não sinto a
falta das provas de corrida, talvez apenas das viagens que me levavam até elas.
Pensei até
em fazer uma versão virtual de maratona, há tantas por aí como opção, só pra
ter a desculpa de correr 42km nas estradas de terra daqui, mas aí pensei
melhor: 30km está bom, não preciso de medalha pra provar que corri.
Provavelmente
não terei coragem de entrar num avião ou ônibus até o fim de toda esta
pandemia, então já não olho com tanto pesar por ter que correr o ano que vem
tão perto de casa, comparado às outras maratonas. Um dia espero voltar a viajar
distante e com a meta da maior lembrança desta viagem ser uma corrida! Enquanto isto
não acontece, me consolo nos braços da Senhora Corrida Amadora, que é uma
abençoada santa!
Pois é o
que temos para 2020!
2020: Correr com Girassóis |
2020: Correr em voltas de represas |
2020: Correr no Loteamento ao lado de casa
2020: Correr na Roça |
2020: Correr em Fazendas
2020: Correr com o amorzão |