quinta-feira, 19 de julho de 2018

Crise Maratonística nos 34km de Ubatuba

Sabe quando você está está morrendo de paixão por alguém e, do nada, você consegue enxergar alguns defeitos que não eram visíveis antes? No último domingo, durante meu treino de 34 km em Ubatuba, senti isto pelo minha "crush" atual: a maratona.
A crise não aconteceu porque fiz um treino ruim: consegui manter o pace planejado, dentro das paradas previstas para ver paisagem, que são impossíveis de não serem feitas num lugar como Ubatuba. Achei bica de água, a praia Vermelha do Norte estava mais linda que o normal, a BR 101, mais conhecida como Rio-Santos, estava com um cheiro de mata que me abraçava inteirinha, não tive uma única dor muscular  e o único imprevisto foi alguém ter bebido a água de uma das garrafinhas que deixei no caminho, mas consegui água facilmente depois com uma senhora que estava lavando calçada com torrentes de água na mangueira.

Visão da Praia Vermelha do Norte, do alto. Como não parar pra apreciar?


(Pausa para falar da mulher lavando calçada: Pra quem mora numa cidade com tanta secura e problemas de abastecimento de água como eu, a gentileza da senhora ainda não foi suficiente para apagar em mim aquela imagem de desperdício absurdo que ela estava fazendo)

Voltando ao meu relato: o problema pra mim foi só um, mas um problema fundamental: correr mais que 30km. Que coisa imbecil correr mais que 30km!
A última vez que tive esta crise foi na parte final da minha primeira maratona, em  Foz de Iguaçu, quando eu xingava a mim mesma por ter feito aquele desafio  e xingava também quem inventou  uma corrida de 42km, e este sentimento só passou quando alguém chegou e me animou novamente a voltar a correr. Mas desta vez ninguém apareceu e a solidão afetou meus pensamentos, sem interrupções positivas.
E uma crise parecidíssima voltou neste treino de domingo: fiquei 2 dias sem correr na orla  porque precisava descansar pro super-longo que me esperava (desperdício de paisagem!) Tive que tomar aquele chá horroroso de valeriana para não ter insônia de ansiedade durante três dias e quase pirei  na noite da véspera do super treino quando o hotel ao lado estava fazendo uma festa de casamento, que durou até à meia-noite (mesmo com o som mais baixo, eu conseguia ouvir o "tum-  tum" das músicas o tempo todo) e, na manhã seguinte, la estava eu tendo que procurar uma  padaria porque o café da manhã  do hotel começava depois das 7.
A gente faz sacrifícios imensos não só para correr a distância desejada, mas também para se preparar pra ela. E se no treino eu posso parar 1km antes do estabelecido  (a planilha era de 35km, não de 34km como fiz), o mesmo não pode ser feito durante a prova de maratona, no dia. E eu pensava que correndo mais rápido o desgaste seria menor, que correr um percurso plano seria mais tranquilo, mas não existe paz acima dos 30km, é só trevas!
Quando eu estava entre os Km 28 e 30, e me encontrei com um  pessoal que estava correndo radiantemente nas suas distâncias menores, me senti mais trouxa ainda. Cheguei a decidir que Floripa seria a minha última maratona e pronto.
Mas hoje estou melhor, a raiva passou, só permaneceu aquela sensação de, como falei no último post,que já está na hora de  parar de dar tanto valor pra maratonas assim. Floripa não será a minha última maratona, vou  conseguir trabalhar nas eleições este ano e talvez até consiga fazer uma prova de 42km no exterior com as folgas que vou poder tirar depois (se eu conseguir guardar dinheiro). Tenho ainda alguns desejos de fazer maratona  em algumas cidades, mas não vou colocar isto como meta de vida. Ainda me proponho a fazer uma maratona por ano, até que o meu amor acabe de vez.
E por hoje é só. Tenho mais um longo tipo este pela frente: que o meu "psicológico" fique menos afetado, amém!


Ps: Parece que o aplicativo "Relive" também não estava num dia bom, me dando uma altimetria de montanha e me fazendo correr NO MEIO DO MAR!

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