terça-feira, 5 de junho de 2018

Segundo Super Longo pra Floripa: Itanhaém

A greve

A gente tem sonhos tão simples na vida como fazer um super longão no litoral, a gente planeja, guarda dinheiro, faz acertos e tal, mas o destino estava de novo cheio de pegadinhas no caminho, no caso, caminhões em greve, a única greve que consegue parar o Brasil, porque, ao contrário do que dizem, a maior paixão do brasileiro não é o futebol, mas o carro na garagem.
E assim como todos os carros, o meu estava sem gasolina para viajar para Itanhaém.  Mesmo apoiando a greve, com  planos de comprar bicicleta até, foi chegando a data da viagem e fui ficando tensa.
Meu paciente marido pediu pra eu desistir. Muitos disseram o mesmo. Impossível ir pra Itanhaém de bicicleta e depois correr mais 35km!  Mandei um email desistindo, mandei chorando, agora posso confessar, podem me chamar de infantil, mas quando trata-se de viagem (e com corrida!) eu perco a racionalidade quando frustrada.
Mas o sol voltou, ou melhor, os caminhões voltaram a trabalhar  e pude colocar gasolina no carro. Mandei outro email retomando a reserva e lá fomos nós.

Por que Itanhaém?

Itanhaém tem uma areia diferenciada, especialmente onde costumo ficar, no bairro Suarão. É uma areia dura e a última vez que treinei lá ( 2 horas e meia correndo) com chuva, vento e frio na cara, foi fantástico, a praia era só minha, a sensação sempre é de ter alugado o litoral da cidade e o prefeito de lá  dissesse: " Desculpe moradores e turistas, mas a praia é só da Josi, não ousem atrapalhar o treino dela"  
Fala a verdade, até milionários, donos de ilhas , não tem este privilégio...

Praia do Saurão, com sol. Meu marido e minha filha soltado pipa.

E realmente foi assim desta vez também, pra tristeza de meu marido e da minha filha que ficaram presos no hotel: chuva, vento e frio. E ainda com a vantagem de ser junho, sem aquela necessidade de madrugar pra correr porque não tem aquele sol horroroso fervendo nosso cérebro.
No dia anterior fomos  esconder os copos de águas e a coca-cola pequenininha, minha fonte de sódio. Meu marido foi junto, vai que precisasse me buscar, só assim ele saberia qual era o trecho que eu faria. Deu 34km na nossa conta.

O longão:

Não dormi direito, como sempre. Sábado à noite sempre tem um som de fundo, distante, mas tenho total consciência que não era o barulho que me atrapalhava, mas sim a minha cabeça ansiosa de sempre. (Anotação para o próximo longão: comprar chá de valeriana)
Na manhã seguinte, o dia perfeito para ficar sozinha na praia, o tempo super fechado de sempre.
Mas...
Lá vem o mas...
O mar de Itanhaém estava bravo, lindo, escuro e ocupava quase toda a areia e me empurrava para correr na parte "fofa" da areia.
Foi triste, minhas pernas ficaram bambas, foram quase 5km assim. Resolvi voltar no trecho de asfalto e minhas pernas estavam  muito pesadas. Apertei o botão do meu relógio pra descansar um pouco e ferrou tudo: ele parou de marcar e lá se foi a meta de ver o lindo mapa do trajeto que eu teria no fim de tudo!
Não tinha dado 10km ainda e eu pensando: "Bem, só (SÓ!!) faltam 25km, não vou parar por causa do relógio e vir pra Itanhaém não foi fácil, eu vou me arrastando até o final, se necessário"
Enfim, as pernas se acostumaram com o asfalto e melhoraram e quando faltava pouco pra chegar em Mongaguá, notei a areia dos sonhos de volta. Corri até o pier pela areia e voltei, totalizando uns 5km muito agradáveis!
Tinha dado 21km ainda, pelas minhas contas dos copos de água. Bora terminar na marginal da rodovia!
Tinha água no Upa, parei lá pra ir ao banheiro e tive noção de como estava molhada! Quilômetros depois, a minha boca começou a ter o efeito de secura  (detesto) e comprei uma mexerica no mercado. Resolveu. (Anotação para o próximo longão: deixar uma laranja descascada junto com as águas escondidas)
E não parou de chover.
Três pessoas me chamaram de guerreira no caminho. Eu estava tão cansada que me emocionei  de verdade com o incentivo!
Quando eu estava aproximadamente no km31, comecei a enxergar subida onde não tinha. Quando chegou no final, eu sabia que ainda faltava 1km, mas decidi ficar só nos 34km mesmo: estava me sentindo um sachê de chá usado e esquecido na xícara!
Na hora de tomar banho o único local que eu não tinha passado vaselina (na alça do Top) ardeu feito brasa!
Mas eu tinha terminado o meu longão: iria beber cerveja com o meu marido depois, eu merecia e ele também por sempre me apoiar.
E a sensação de ter vencido mais um desafio voltou. Porque melhor que correr a maratona sempre será treinar para ela.

Euzinha, depois do longão e da cerveja


Prólogo: Tenho mais dois longões neste mês de junho: um de 25km, num  percurso difícil e, por isto, talvez eu poste aqui. E mais um de 35km, que, com certeza, é capítulo certo por aqui!









Nenhum comentário:

Postar um comentário